Vestir-me.
O quê? Para quê? Para quem?
Qualquer coisa, não posso vestir. Para não ter frio, para não ser objecto de comentários desagradáveis. Um bocadinho para mim e um bocadão para os outros. Porque se fosse só para mim, então vestia qualquer coisa. Não me daria a ver a ninguém, por isso nem sequer me preocuparia em vincar as calças, escovar uma nódoa ou engraxar as botas.
O quê? Para quê? Para quem?
Qualquer coisa, não posso vestir. Para não ter frio, para não ser objecto de comentários desagradáveis. Um bocadinho para mim e um bocadão para os outros. Porque se fosse só para mim, então vestia qualquer coisa. Não me daria a ver a ninguém, por isso nem sequer me preocuparia em vincar as calças, escovar uma nódoa ou engraxar as botas.
Escrever.
O quê? Para quê? Para quem?
Qualquer coisa, não posso escrever. Para não destapar a minha intimidade, para não ferir susceptibilidades. Um bocadinho para mim e um bocadão para os outros. Porque se fosse só para mim, então escrevia sobre tudo o que me vai na alma. Não o daria a ler a ninguém, por isso nem sequer me preocuparia em corrigir as gralhas, eliminar as palavras repetidas ou reler o texto.
O quê? Para quê? Para quem?
Qualquer coisa, não posso escrever. Para não destapar a minha intimidade, para não ferir susceptibilidades. Um bocadinho para mim e um bocadão para os outros. Porque se fosse só para mim, então escrevia sobre tudo o que me vai na alma. Não o daria a ler a ninguém, por isso nem sequer me preocuparia em corrigir as gralhas, eliminar as palavras repetidas ou reler o texto.
Aqui, os textos são o meu guarda-roupa. As palavras, se não forem do tamanho certo, vão apertar-me as articulações ou cair-me pelas pernas abaixo. A pontuação, essa, tem de ser aplicada com parcimónia, pois os acessórios em excesso podem tornar-me numa montra de bijuteria. Os erros têm de ser procurados à lupa e cosidos à máquina em costuras reforçadas. E o estilo, que tem de ser escorreito, pode umas vezes ser sóbrio e outras ornamentado, em função da ocasião. Só assim estarei apresentável.
Disse ela e muito bem; diria eu o mesmo da minha pessoa se soubesse definir tão bem o que me vai na alma.
Belissimo texto.
Disse ela e muito bem; diria eu o mesmo da minha pessoa se soubesse definir tão bem o que me vai na alma.
Belissimo texto.
3 comentários:
Bonito texto, sem dúvida!
Beijocas linda!
Espectáculo! Onde foste tu descobrir esta pérola?!
Xinhus!
vim aqui rapidinho antes de ir embora só para te desejar um super fim-de-semana!
Ah... e deixei-te um trabalhito lá no meu cantinho!
Beijinhos
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