terça-feira, setembro 19, 2006

Amizade.


E porque quando começamos alguma coisa, normalmente andamos entusiasmadas/os cá vai hoje, mais uma divagação...

Apetece-me dissertar sobre a Amizade verdadeira, esse sentimento maravilhoso, que se tornou coisa tão rara nos dias que correm, em qua cada um de nós está demasiadamente por vezes, virado para o seu umbigo.
Com certeza que teremos que pensar em nós próprios, nas nossas aventuras e desventuras na vida, mas se dedicassemos ás vezes mais do nosso tempo disponível aos outros, não será que seriamos mais felizes, mais completos...? Afinal enquanto prestávamos alguma atenção aos outros, esqueceriamos os nossos prórios problemas, por instantes, e "fariamos" com que os probelmas dos outros se tornassem mais leves também...
Ou seja, menos egoismo e mais altruismo, será isto uma utopia...?

Partilho portanto com todos os que me quiserem "ler", um poema de que gosto muito, que traduz apalavra "amizade" para mim e que penso retrata aquilo que muitos de nós procuramos...

Procura-se um Amigo
Vinícius de Moraes

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimento, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja de todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objectivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoas tristes e e compreender o imenso vazio dos se compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grande chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive. o

1 comentário:

rascunhos disse...

Não conhecia o texto e acho-o belo...